Sabemos como as polêmicas ganham um espaço tremendo nas redes sociais. Não é a toa que algumas pessoas as utilizam como estratégia de crescimento.
Polêmicas existem e sempre vão existir, mas nos dias de hoje elas ainda podem vir acompanhadas de linchamento virtual e da cultura do cancelamento, podendo trazer consequências ruins tanto para o indivíduo alvo do debate quanto para o agressor.
Mas será que nós criadores de conteúdo, temos consciência dos impactos positivos e negativos que nossa participação em uma discussão polêmica pode gerar?
Será que existe uma forma de contribuirmos positivamente em tais discussões?
É sobre tudo isso que falaremos neste artigo que foi escrito depois de muita reflexão e conversa entre alguns creators.
Mas antes de seguir, vamos falar um pouco sobre alguns conceitos:
O que é polêmica?
A polêmica é um debate sobre um tema que é de interesse público ou de uma comunidade, mas que por conta de pontos de vista divergentes entre os participantes, além de uma simples discussão, as polêmicas podem causar um confrontamento.
O que é linchamento virtual?
Lembra daquela época em que pessoas eram apedrejadas em praça pública por diversas pessoas que não concordavam com seus posicionamentos ou atitudes? O linchamento virtual não é muito diferente, trata-se de um ataque virtual que visa tirar a dignidade de uma pessoa, só que através das redes sociais.
O que é cultura do cancelamento?
A cultura do cancelamento é um novo hábito adotado nas redes sociais onde as pessoas boicotam indivíduos ou marcas que possuem uma atitude ou postura considerada inaceitável. O cancelamento geralmente acontece após o linchamento virtual.
Agora que você já sabe um pouco sobre esses termos, vamos a algumas reflexões.
Polêmicas nas redes sociais
Algumas polêmicas envolvem atitudes e opiniões que nos fazem sentir injustiçados, frustrados, enfim, mexem com o nosso emocional.
E aí, sabe aquele papo de cuidar para não falar besteira na hora do nervoso?
Então, precisamos tomar um cuidado redobrado no universo online, porque para postar algo basta um clique, e para ter esse conteúdo compartilhado basta outro.
Já percebeu como nem sempre conseguimos expressar bem nossas ideias? Quem aí já sofreu com algum problema de comunicação?
Pode ser aquela frase num email que parecia que você estava nervoso porém não estava, aquele capslock enviado por acidente no chat da empresa para o chefe, ou mesmo uma palavra colocada de maneira equivocada numa comunicação verbal...
A diferença do que estamos falando aqui, é que na vida offline para reparar um erro basta a gente se desculpar para uma pessoa, já nas redes sociais o pedido há de ser feito para milhares, senão milhões...
O que fazer antes de se envolver em polêmicas nas redes sociais
Como figuras públicas temos que cuidar muito bem da nossa imagem. Afinal, não queremos ser cancelados ou linchados virtualmente. Na verdade... ninguém quer!
Resolvi trazer algumas perguntas que podem nos ajudar a refletir e a tomar uma decisão consciente sobre participar ou não de discussões polêmicas:
- Será que eu interpretei a postagem em questão de maneira correta? Ou ainda preciso ter mais informações antes de chegar a algumas conclusões?
- Posso contribuir positivamente para essa discussão?
- Tenho uma boa base de conhecimento sobre o assunto para argumentar minha opinião?
- Quais são os impactos positivos e negativos que minha imagem poderá sofrer com o meu envolvimento?
- Quais os impactos positivos e negativos que a imagem do indivíduo em questão poderá sofrer a partir das minhas publicações?
- Estou de cabeça fria o suficiente para ver e rever meu conteúdo antes de torná-lo público?
- Este envolvimento pode afetar minha saúde mental ou a do indivíduo em questão?
Os impactos do linchamento e da cultura do cancelamento para o alvo das acusações
O que podemos notar nas redes sociais, é que grande parte das pessoas que se envolvem em polêmicas e linchamentos virtuais não conhecem o "indivíduo alvo" muito bem, não conhecem toda sua trajetória e seus valores, e acabam o julgando por apenas um ato.
É comum também que elas comecem a perseguir seus alvos, controlando seus passos e esperando apenas por uma oportunidade para jogar pedra publicamente.
No tribunal da Internet, a sentença vem antes do julgamento. Tem gente que se envolve em um nível que acaba trazendo um linchamento virtual para o real, com ameaças e até agressões físicas.
O impacto de um linchamento virtual pode gerar grandes complicações na vida de um indivíduo, que pode perder emprego, ter medo de sair em público, sofrer crises de ansiedade e precisar de anos de terapia para voltar a ter uma vida normal.
Ou pior, pode até trazer consequências extremamente desproporcionais em relação às que sua atitude pode ter causado. Daremos 3 exemplos disso mais a frente.
Os impactos do linchamento virtual para o agressor
Você sabia que o agressor também pode sofrer consequências por incentivar ou praticar o linchamento virtual?
Ainda faltam regulamentações em relação ao linchamento virtual, mas dependendo de como ele for feito, ele pode acarretar em processos judiciais relacionados a danos morais, calúnia, injúria e difamação por exemplo.
Não é porque estamos por trás das telas de celulares e computadores que não precisamos cumprir leis!
Casos reais de linchamento virtual
Trago aqui 3 casos que vão nos ajudar a entender a importância dessa reflexão:
1) Em 2014 uma dona de casa foi espancada até a morte publicamente no Guarujá após boatos na Internet acompanhados de relatos falsos de testemunhas que a acusavam de realizar rituais com crianças. O linchamento foi filmado por diversas pessoas e compartilhado nas redes.
2) Ano passado uma blogueira foi linchada virtualmente após ser abandonada pelo noivo 1 dia antes de seu casamento, e decidir aproveitar a festa para "casar consigo mesma". Ela sofreu diversas críticas de seguidores que a acusaram de inventar a situação para se promover. Por fim, a blogueira de 24 anos optou pelo suicídio.
3) Recentemente (Maio/2020) uma lutadora japonesa que participou do "Terrace House", um reality show no Netflix, sofreu diversas críticas online que se intensificaram após um episódio onde ela se desentendeu com outro participante. O linchamento virtual que ela sofreu fez com que a jovem de 22 anos também tirasse a própria vida.
Agora vem a pergunta: Onde estava a empatia dos agressores nestes momentos?
Vamos falar de empatia!
A empatia é a capacidade de nos conectarmos com o outro sem julgar, e ela precisa estar cada vez mais presente na sociedade.
Precisamos lembrar que não nascemos sabendo de tudo! E que nem toda atitude alheia é tomada com a má intenção que interpretamos.
Imagine só se você faz muita coisa certa em grande parte da sua vida, e de repente comete um erro. Seria justo o "mundo" te linchar e cancelar por isso? (Que fique claro que não estamos falando aqui de crimes).
Não seria melhor você receber uma oportunidade para entender o por que aquilo é um erro, estudar o que te levou a cometê-lo, e refletir sobre como poderá melhorar daqui pra frente?
A maneira com a qual falamos com as pessoas na vida offline pode causar danos imensuráveis, e isso vale também para o que escrevemos nas redes sociais.
No caso de críticas, falar nossa opinião sem estar cara a cara com a pessoa alvo do tema, é mais fácil já que não conseguimos ver como ela se sente. Com isso, o peso dessa crítica para quem recebe a mensagem pode ser bem maior.
Quando a gente tem alguma opinião diferente de alguém é natural que isso cause um desconforto. Mas precisamos controlar nossas emoções, e pensarmos também no sentimento do outro.
Sim! Eu sei que é bem mais fácil falar do que fazer, mas se queremos viver bem em sociedade, precisamos nos atentar.
Criadores de conteúdo & Linchamentos Virtuais
Ter uma exposição maior nas redes sociais, faz com que nós criadores de conteúdo tenhamos mais chances de sermos vítimas de um linchamento virtual.
Não é simples manter uma cobrança interna para atender às expectativas dos seguidores sem aumentar o nível de ansiedade.
Quando vítima de um linchamento virtual, um criador de conteúdo deve buscar o auxílio de um profissional para conseguir lidar melhor com a situação, que aliás não deve ser nada fácil!
Mas vale lembrar que há também aqueles creators que gostam de aproveitar polêmicas para crescer nas redes e acabam incentivando um linchamento ou cancelamento virtual.
Alguns entram nessa onda pelo efeito manada, sem entender o tamanho das consequências que isso pode trazer para sua imagem e a dos outros.
Mas infelizmente, também tem os que não se importam em influenciar a sociedade negativamente, não se preocupam com os riscos que podem trazer aos seus parceiros ou que acham que está tudo bem crescer às custas do sofrimento alheio.
Como participar de debates polêmicos de maneira positiva
Bati um papo com alguns criadores de conteúdo na semana retrasada. Durante a nossa conversa entendemos que precisamos encontrar um equilíbrio nessa história toda.
Chegamos a conclusão de que precisamos sim falar sobre o que nos incomoda e o que não toleramos. Se a gente não falar sobre isso dificilmente vamos mudar alguma coisa.
Discussões, polêmicas ou não, que envolvam opiniões divergentes são saudáveis e nos ajudam a crescer como seres humanos.
Mas precisamos fazer isso sempre nos colocando no lugar do outro, com respeito. Afinal, estamos longe de sermos perfeitos também!
Que o foco seja em expor as situações, junto aos aprendizados e reflexões que elas podem causar.
E não em expor pessoas, trazendo a discussão para um nível pessoal e colocando tudo o que elas vivem dentro e fora da Internet a perder.
Já em casos de suspeita de crime, vale buscar ajuda de advogado e abrir processo judicial.
Se possuímos influência nas nossas redes sociais, que ela seja usada para o bem não é mesmo?! Não queremos que as pessoas saiam replicando mensagens de ódio por aí.
Assuntos polêmicos podem ser necessários para causar transformações positivas pra todos nós. Mas sabendo que é muito fácil perder o foco, o objetivo e até a razão durante uma discussão acalorada, vamos com cautela.
Não precisamos concordar com todas as opiniões expostas nas redes sociais, e está tudo bem criticar, mas que tal fazermos isso com respeito, empatia, e um bom argumento acompanhado de uma contribuição positiva?
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